segunda-feira, 16 de maio de 2016

Bancos registram queda

Entre as instituições de maior valor agregado da economia, os bancos públicos e privados costumam ser os últimos afetados pelas crises. Prova disso é que, enquanto todos os setores produtivos viram seus faturamentos despencarem no ano passado, os bancos brasileiros continuaram ampliando seus caixas. O Itaú e o Bradesco registraram até lucros recordes na história do Sistema Financeiro Nacional (R$ 23,8 bilhões e R$ 17,9 bilhões, respectivamente).
Os bons resultados, no entanto, não se repetiram no início deste ano. Desta vez, apenas o Santander conseguiu números positivos. Todos os outros bancos nacionais registraram redução nos lucros. E a queda foi grande, chegando a 60% no Banco do Brasil e a 45% na Caixa Econômica.
De acordo com levantamento da financeira Economática, os bancos nacionais tiveram um lucro de R$ 13,7 bilhões no primeiro trimestre de 2016. Apesar de alto, o montante é 20% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.
E essa retração, segundo especialistas, é um reflexo do aprofundamento da recessão econômica, que reduziu a carteira de crédito, aumentou a inadimplência e multiplicou o número de provisões para a sustentabilidade financeira das instituições. “O setor financeiro é o último a entrar e o primeiro a sair da crise, mas já começa a sentir os efeitos da conjuntura econômica. Afinal, com a redução do emprego e da renda, a procura pelo crédito também reduziu e a inadimplência cresceu”, afirmou a economista Regina Camargos, do Dieese.
Também pesaram os impactos da Operação Lava Jato, que bloqueou recursos das empresas de óleo e gás que de clientes financeiras passaram a ser alvo de investigações policiais. A Sete Brasil, produtora de sondas de petróleo, por exemplo, é apontada como a principal responsável pela queda do lucro da Caixa e do Banco do Brasil. Ao divulgarem os balanços do 1º trimestre de 2016, as instituições explicaram que os resultados foram impactados pela realização de provisões milionárias contra o risco de calotes das empresas investigadas.
Só a Caixa gastou R$ 700 milhões. “A provisão é uma poupança preventiva que o banco faz para afastar a ameaça de calote. Quando essa provisão é muito alta, o lucro cai. E os bancos brasileiros, que já são precavidos, tiveram que fazer provisões muito altas em decorrência da Sete Brasil. Calcula-se que a empresa acumule um passivo de R$ 18 bilhões com os principais bancos nacionais”, esclareceu.
Os bons resultados de 2015 não significam, no entanto, a saúde do sistema financeiro. Segundo o Dieese, os lucros foram mantidos aos custos dos trabalhadores porque o ano passado também foi marcado pelo fechamen­to de agências e postos de trabalho no setor bancário. “Foram perdidas 11 mil vagas e a tendência é que este movimento continue. Os bancos devem crescer em patamares menores e continuar cortando despesas, com o enxugamento do quadro de pessoal”, acredita Camargos.
Folha resumeAs instituições financeiras, sejam elas públicas ou privadas, são as últimas a entrarem em crise e as primeiras a saírem de um cenário econômico difícil. Bancos nacionais, precavidos, fizeram provisões milionárias para passarem a salvo pela atual turbulência no Brasil.

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