Pernambuco vive, desde 2023, um cenário político que há muito não se via: governo estadual e prefeitura do Recife sob comando de grupos políticos distintos. A última vez que isso ocorreu foi entre 2001 e 2006, quando João Paulo, do PT, administrava a capital pernambucana, enquanto Jarbas Vasconcelos, então no PMDB, governava o estado.
Naquele período, a convivência entre os dois foi marcada por embates públicos e por uma clara disputa de protagonismo político.
Desde então, o alinhamento entre Palácio do Campo das Princesas e Palácio do Capibaribe foi quase constante. Entre 2007 e 2022, aliados do mesmo campo político – e, em alguns momentos, do mesmo partido – estiveram à frente das duas administrações. A sintonia institucional facilitava a execução de projetos conjuntos, mas também diminuía a competitividade saudável que a alternância de forças costuma proporcionar.
O quadro mudou em 2023, com a chegada de Raquel Lyra ao governo estadual, após vencer as eleições contra Marília Arraes no segundo turno. Já a prefeitura do Recife está sob comando de João Campos (PSB) desde 2021, reeleito em 2024 com a maior votação da história da capital, um feito que consolidou sua imagem como gestor eficiente e de forte apelo popular.
De lá para cá, Pernambuco assiste a uma espécie de “competição virtuosa”. João Campos segue imprimindo sua marca na gestão municipal, com foco em modernização de serviços, obras de infraestrutura, programas sociais e uma comunicação ágil com a população.
Raquel Lyra, por sua vez, tem buscado transformar áreas estratégicas do estado, como segurança pública, saúde, infraestrutura e educação, promovendo entregas que reforçam sua imagem de gestora arrojada e voltada para resultados.
Esse cenário cria uma disputa que, ao contrário de paralisar ações, estimula cada lado a apresentar mais realizações. Cada obra inaugurada, cada programa lançado e cada índice positivo se transformam em argumento para reforçar a capacidade de governar. O eleitor, nesse jogo, acaba sendo o maior beneficiado.
O pano de fundo dessa rivalidade é a eleição de 2026 para o governo de Pernambuco. Tudo indica que Raquel Lyra e João Campos irão se enfrentar diretamente, repetindo um embate que, em termos de visibilidade e expectativa, não se via no estado há décadas.
Não há como prever quem sairá vitorioso. João chega com a força de uma aprovação estrondosa no Recife e de um perfil jovem, associado a inovação e diálogo. Raquel, por sua vez, traz a legitimidade de quem venceu uma eleição estadual contra a máquina da Frente Popular e construiu, em pouco tempo, uma agenda própria para o desenvolvimento do estado.
Independentemente do resultado, Pernambuco tende a sair ganhando. Seja na reeleição de Raquel Lyra, seja numa eventual vitória de João Campos, o estado terá, a partir de 2027, um governante moderno, com visão estratégica e capacidade de execução. Em tempos de tantas crises e desafios, é um alento saber que a disputa política, quando pautada por resultados, pode ser não um obstáculo, mas um motor de progresso.
Processo – A partir da próxima quarta-feira (13), o processo no STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado entra na fase final, com sete réus do núcleo central tendo prazo para apresentar suas alegações finais. Encerrada essa etapa, o relator Alexandre de Moraes poderá votar e liberar o caso para julgamento, cuja data será marcada pelo presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin. A expectativa é que a decisão sobre a condenação ou absolvição de Bolsonaro ocorra em setembro.
Orquestra – A criação de uma orquestra formada por pessoas com deficiência, fruto da união entre a Arena de Pernambuco, a Comunidade Católica Obra de Maria e a Orquestra Criança Cidadã, representa um marco de inclusão e transformação social no estado. Oficializada no próximo dia 23 de agosto, a iniciativa abrirá espaço para que crianças, adolescentes e jovens com deficiência descubram e desenvolvam seus talentos musicais, unindo cultura, cidadania e oportunidades. Cabe agora ao Governo de Pernambuco apoiar e fortalecer o projeto, garantindo que ele se consolide como referência nacional e inspiração para novas ações inclusivas.
Caso perdido – Aliados do presidente Lula afirmam que ele desistiu de buscar apoio do eleitorado evangélico, o que preocupa o Planalto diante do aumento da rejeição nesse segmento, historicamente mais próximo do bolsonarismo e com peso relevante nas eleições de 2026. A única ligação atual do governo com esse público é o ministro da AGU, Jorge Messias, cuja atuação, avaliam, não será suficiente para reverter a imagem negativa de Lula entre os religiosos.
Efeitos econômicos – A sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, em vigor desde o dia 6, já preocupa o setor exportador e levou o governo a preparar um plano de contingência com crédito, adiamento de tributos e compras públicas para reduzir os impactos, especialmente em pequenas e médias empresas. A medida do presidente Donald Trump atinge 36% das exportações brasileiras para os EUA, cerca de US$ 14,5 bilhões, afetando itens como café, frutas e pescado. Embora economistas avaliem que o efeito econômico seja limitado e mais político, os primeiros dados oficiais sobre o impacto devem ser divulgados nesta terça-feira (12).
Inocente quer saber – A deputada Camila Jara será punida por ter agredido Nikolas Ferreira?
Fonte: Blog do Edmar Lyra.