A relação do Pau-Brasil com São Lourenço da Mata
E os povoadores que procuravam explorar as riquezas das matas do local estabeleceram um entreposto em São Lourenço, para o Paço do Fidalgo, hoje Santana, bairro do Recife, e transportavam com ajuda de nativos as toras de Pau-Brasil por via fluvial.
A exploração exacerbada do Pau-Brasil contribuiu para a extinção quase total da árvore que deu nome ao país. Mas, por outro lado, também contribuiu para o desenvolvimento da região, datando a construção dos seus primeiros engenhos de fins do século XVI. Em 1630, já se contavam em seu território sete "fábricas".
Depois de muitos anos de diversas investidas e explorações de portugueses e holandeses na região, o Pau-Brasil era considerado extinto, quando em 1928, o estudante de agronomia João Vasconcelos Sobrinho e o professor de botânica, Bento Pickel, verificaram a existência do Pau-Brasil em São Lourenço da Mata, no Engenho São Bento, hoje Estação Ecológica da Tapacurá, pertencente à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Professor Roldão e a preservação do Pau-Brasil em São Lourenço da Mata
O pernambucano Roldão de Siqueira Fontes lecionou durante muitos anos no extinto Colégio Agrícola São Bento, localizado no engenho de mesmo nome, no Município de São Lourenço da Mata, e como professor e residente da região, verificou a existência de um bosque de Pau-Brasil com cerca de 500 exemplares, localizado na frente do colégio.
O risco da extinção do Pau-Brasil e o ciclo econômico envolvendo a espécie chegaram as mãos do professor Roldão através do livro "O Pau-Brasil na História Nacional", de Bernardino José de Souza. Foi a partir dessa literatura que o professor começou a sua peregrinação para tentar restaurar o que durante tantos anos foi destruído.
Em 1972, o professor conseguiu apoio da reitoria da UFRPE para dar mais visibilidade a sua campanha de restauração do Pau-Brasil, transformando a iniciativa individual numa campanha nacional, e foi até Brasília para conseguir apoio dos governantes do país, e fez toda a viagem (Pernambuco-Brasília) de caminhão, distribuindo cerca de 10 mil mudas por onde passava.
A iniciativa do professor foi frustrada pela notícia de que o Governo Federal iria construir a barragem de Tapacurá, próximo ao local onde estava instalado o colégio agrícola e o bosque do Pau-Brasil, o que acarretaria em mais destruições. Afinal, aqueles eram os poucos pés de Pau-Brasil que haviam restado da exploração.
Inconformado com a notícia, o professor lançou a campanha para salvar o bosque, e a iniciativa teve a imprensa como aliada. A repercussão negativa para os construtores da barragem fez com que os mesmos procurassem a UFRPE para propor um acordo.E para minimizar os transtornos a construtora resolveu plantar 25 mil pés de Pau-Brasil na região.O plantio foi coordenado pessoalmente pelo professor Roldão.O professor ainda conseguiu convencer a construtora a dobrar o número de mudas e aumentar a área plantada em volta da barragem.
Em 1973, três anos depois da inauguração da barragem, a Estação Ecológica de Tapacurá foi fundada. E ainda inconformado com apenas 50 mil árvores plantadas, o professor se dirigiu aos deputados federais, e depois de alguns anos de luta, conseguiu que o Pau-Brasil passasse a ser protegido pela Lei 6.607, de 7 de dezembro de 1978, que instituiu que o Pau-Brasil seria a "árvore nacional" e que no dia 03 de maio seria comemorado o "Dia Nacional do Pau-Brasil".
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